Exposição Permanente
Durante o período das dinastias Ming e Qing, Macau foi o destino de sucessivas visitas de literatos e académicos chineses e estrangeiros que escreviam e difundiam os costumes da terra. Ao entrar no novo milénio, a prosperidade da literatura local do século passado, juntamente com o surgimento de uma nova geração de escritores, injectaram um novo vigor no mundo da literatura de Macau. Até ao presente momento, a literatura da região estabeleceu uma imagem local com foco na diversidade, harmonia e grande afecto humano.
Esta exposição apresenta a história do desenvolvimento da literatura de Macau, com foco em poetas, escritores, associações literárias e publicações chinesas e portuguesas representativas das várias épocas. O painel com capas de livros, em exposição, pretende ser um símbolo do passado, do presente e uma aposta no futuro da literatura de Macau. Esperamos que os visitantes, através destas imagens, possam descobrir e sentir a energia e a vivacidade do património literário de Macau.
Área de exposição A
As sementes dos viajantes no ancoradouro da Taipa
Devido à sua história e ligações geográficas, Macau foi o primeiro local onde a cultura do Ocidente e a da China se encontraram. Durante as dinastias Ming e Qing, tornou-se num destino para as sucessivas visitas de literatos chineses e estrangeiros, alguns de passagem, outros permaneciam durante mais tempo. Ao se depararem com as suas paisagens únicas e diferentes culturas, era inevitável envolverem-se no ambiente local, ficarem inspirados para expressarem o que lhes ia na alma, acabando por deixar ficar aqui uma série de poemas brilhantes. Tang Xianzu, artista de ópera de vulto, escreveu poemas em que descreve a vida social de Macau durante o período Wanli. Também deixou traços da imagem de Macau na sua obra prima, O Pavilhão das Peónias. No século XVI, as viagens do grande poeta português, Camões, trouxeram-no ao Oriente, onde há muito se tornou num dos seus símbolos culturais de Macau. O pintor de renome da dinastia Qing, Wu Li, também nos deixou poemas em que fala de Macau. No final do século XIX, o famoso poeta simbolista Camilo Pessanha, criou na região a única obra de poesia da sua carreira, Clepsidra, cuja influência se reflectiu no mundo literário. Ao longo deste período, pese embora as suas diferenças, os seus múltiplos autores e os textos escritos em várias línguas, as obras não se interligaram de uma forma significativa, no entanto toda esta produção literária lançou sementes para o desenvolvimento diversificado da literatura de Macau.
Área de exposição B
O desabrochar e a diversidade da literatura de Macau
Literatura chinesa
Ao entrar no século XX, a literatura em língua chinesa, língua portuguesa e em patuá (crioulo usado por macaenses), cada uma delas dotada do seu respectivo esplendor, foram gradualmente criando o corpo da literatura local de Macau.
No campo das obras em língua chinesa, o surgimento de várias sociedades literárias, assim como de revistas, jornais e outros tipos de publicações, proporcionaram aos autores um meio para exibirem os seus trabalhos. Alguns casos representativos são a Sociedade Literária Xueshe dos anos 1920, e a Sociedade Literária Feijão Vermelho de meados de 1960, que compilaram e publicaram poesia nas revistas Shisheng (Som da Poesia) e Feijão Vermelho. O poeta natural de Macau, F. Hua Lin, tornou-se célebre em Xangai na década de 1930, onde recebeu o epíteto de "o arauto dos tempos". Uma grande quantidade das suas obras poéticas e traduções foram publicadas no interior da China, Hong Kong e Macau, sendo o primeiro caso em que a literatura de Macau "saíu para fora". Criada na década de 80 do século XX, a Associação dos Escritores de Macau representa um novo marco no desenvolvimento da literatura da região, tendo a sua revista literária Pen of Macau dado um forte contributo para a criação literária local.
Hoje em dia, a literatura de Macau é próspera e variada.
Literatura em português e patuá
A presença de obras literárias escritas em português e patuá é uma das características que fazem a literatura de Macau ser única, porque reflectem a diversidade das obras. A autora Deolinda da Conceição escrevia sobre o destino e vida das mulheres chinesas, através de uma perspectiva de compaixão; as obras de Henrique de Senna Fernandes expressam a esperança de ser alcançada a harmonia racial e cultural; José dos Santos Ferreira escrevia em patuá para expressar o seu amor por Macau; enquanto Luís Gonzaga Gomes, com as suas traduções literárias, contribuía para as trocas interculturais sino-portuguesas. Para além destes autores, há ainda um grande grupo de portugueses e estrangeiros que permaneceram em Macau, tendo deixado os belos frutos do seu trabalho como contributos para a literatura de Macau.
Área de exposição C
Painel com capas de livros
Os visitantes podem observar as coloridas capas de uma panóplia de livros e revistas. Estão em exibição livros e revistas literárias representativas, publicadas por diversos autores portugueses e chineses desde o século XVI. Esta colecção é uma representação do passado, presente e, quiçá, uma direção para o futuro da literatura de Macau.